A minha vida virada do avesso III
Ontem fez dois anos que nos conhecemos... nada podia me dizer que a minha vida iria se tornar neste inferno por causa de uma pessoa que apareceu na praia para me salvar da ansiedade de apresentar uma tese no dia seguinte. Chegou de tronco nu, numa bicicleta branca, tinha uns oculos de sol brancos e vinha a ouvir musica.
Lembro-me de ter ficado envergonhada e pensar "o que fui eu fazer", mas a minha ansiedade para o dia seguinte estava a arrancar me o coração e a minha saída foi convidá-lo a aparecer na praia. Eu estava sentada no paredão e ele andava a passear.
Não era o meu ideal de homem, era mais velho (9 anos) mas era surfista e tinha tatuagens. Decidi dar um mergulho, dessa vez deixei de lado os complexos de estar extremamente magra devido a todos os problemas que tinha tido durante o estágio, e ele disse que foi esse mergulho que o apaixonou ainda mais. Caminhámos lado a lado, conversámos e ele deu me força para a apresentação da tese no dia seguinte. Quando cheguei a casa tinha uma mensagem "nao consigo parar de pensar em ti, es linda".
Os dias foram passando, e dois meses depois deixei que me beijasse e assim comecámos a nossa relação. Hoje, dois anos depois desse passeio a minha vida ta um tormento, não sei o que fazer nem o que pensar, não sei se tenho namorado se estou solteira, estou deitada na minha cama a escrever para soltar a angustia que vai na minha alma.
Ontem fomos jantar juntos, a convite dele. Cheguei a casa dele (que seria nossa daqui a uns dias) deitei me no sofá e adormeci, tinha de descansar, só perto dele consigo dormir descansada e segura como se de um ninho se tratasse. Quando acordei descobri que ele tinha dito a uma colega de trabalho que a nossa relação tinha terminado, fiquei nervosa, ansiosa, porquê dizer uma mentira? temos estado a passar uma fase má mas não terminámos. Perguntei-lhe a razão e ele ficou nervoso, tentou explicar, disse que nos tinhamos chateado e que ele apenas referiu que talvez tivessemos acabado para valer. Desculpei. Jantámos. Achei que estava tudo bem. Mas o meu Modus Operandis não me deixa ficar quieta, e quando fui ao telémovel dele ver se a Mariana continuava bloqueada, descobri outra pessoa bloqueada, outra rapariga. Mais uma discussão.
Vim para casa, chorei, chorei, chorei.... mais uma decepcão, embora ele me explique eu não acredito numa unica palavra dele. Fantasiei logo uma historia na minha cabeça. Fui dormir.
Esta manha ameacou-me, disse que se a minha mãe voltasse a mandar-lhe mensagem que se afastaria de mim. Foi o ponto final da minha tolerância.
Respondi como nunca tinha respondido pondo toda a minha raiva cá para fora, disse lhe que fizesse o que ele quisesse da vida dele que eu ia curar-me e pensar em mim, que nao queria ouvir falar dele hoje e que ele pensasse no que queria e depois me informasse. Respondeu com um "ok".
Agora é esperar.
Fui para a praia, passei o dia a ler, a olhar o mar e a ouvir musica. Pensei em mim, mas muito mais nele e em nós. Já não sei se quero ficar com ele ou não, talvez este meu medo e obcessão seja apenas medo de ficar sozinha. Não quero um homem que não me ame, que passe a vida a enviar mensagens para outras raparigas porque aquela que tem em casa não lhe chega, um homem que inventa histórias, que mente para a pessoa que diz que ama. Foi tudo lindo quando comecou, quando eu não conhecia esta faceta dele, nem ele a minha. Não vou por as culpas apenas nele, eu sei que maior parte da culpa de a nossa relação estar assim é minha, fui eu com este meu feitio obcessivo que fez com que ele viesse a afastar-se cada vez mais de mim e agora que estou disposta a mudar, já antigimos um limite em que talvez não haja retorno. Nem eu acredito numa relaçao que consiga ultrapassar uma fase tão dificil como a que estamos a passar, ja nao ha respeito, já nao ha confiança, já ultrapassámos vários limites e ele não me ama o suficiente para estar comigo nesta dura luta para a minha recuperação.
Mais uma vez, é esperar... Até agora ele não disse nada, nem sei se vai dizer.